Afluências - água, afluentes e fluidez
outubro 2025
Alan Richer,Alê Olywer,Alsal,Artfy Adriano,Beatriz Crespo,Carolina Saidenberg,Claudio Boczon,Cristiane Arruda,Fabio Franca,Fernanda Nagarotto,Gisele Irikura,Inês Valla,Lincoln Ladeia,Márcia Tannure,Mavi,Maximílian Rodrigues,Paola Lazzareschi,Parfenova Ekaterina,Patrícia Solo,PHPM2002,Rosana Rossi,Rute Nascimento,Wildy Women,Zaplaflora,Zé Barretta
10,22,0,6,27,26,2,20,9,24,1,11,18,19,25,13,8,15,4,28,7,5,12,21,16
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A
água, em sua natureza indomável, é ao mesmo tempo origem e destino. Surge como nascente discreta, acumula forças, torna-se rio e mar, retorna ao ar em vapor invisível, e de novo precipita sobre a terra. É ciclo, mas não repetição: é transformação incessante, inscrição de passagens. Nela habitam memórias geológicas, rastros coloniais, trajetórias de corpos em deslocamento. Nela se imprimem tanto as mitologias arcaicas quanto as urgências do presente climático.
Nesta exposição, pensamos a
água como arquivo vivo e agente político. Um arquivo poroso, que guarda tanto os vestígios da violência extrativista quanto os cantos de cura transmitidos por tradições ancestrais. Um agente político, porque insiste em atravessar fronteiras nacionais e simbólicas, redefinindo territórios, corpos e pertencimentos. Ao mesmo tempo que irriga, afoga; que sustenta, ameaça; que conecta, separa.
Reunimos aqui artistas que escutam a
água — não apenas a retratam. Obras que se deixam contaminar por sua gramática líquida: adaptável, persistente, múltipla. A
água é, nestas práticas, corpo e metáfora, substância e linguagem. Há quem a convoque como espelho da interioridade — lágrimas, suor, fluxos vitais. Há quem a trate como testemunha da cidade e de seus rios soterrados, canalizados, esquecidos. Outros a convocam como rito, oferenda, ou como cenário de migração, exílio e travessia.
Se a modernidade buscou controlar
águas por meio de diques, represas, canalizações e desvios, a arte aqui apresentada faz o movimento contrário: libera a
água como força criadora, como pensamento fluido. Permite que ela irrompa na forma de imagem, som, performance, instalação ou gesto digital. A
água convoca encontros, desestabiliza narrativas lineares, dissolve fronteiras entre ciência e mito, entre técnica e poesia.
Abrir esta exposição é também propor uma ética: escutar as
águas, tornarmo-nos permeáveis a seus avisos e ritmos. Em tempos de seca extrema e enchentes catastróficas, quando políticas públicas e práticas privadas revelam nossa relação fraturada com o planeta, é urgente aprender com a
água modos de persistir, regenerar e cuidar.
Afluências é, portanto, mais do que um conjunto de obras: é um campo líquido de investigação, de fabulação e de resistência. Convidamos cada visitante a navegar por este espaço on-line como quem segue o curso de um rio — sem pressa, acolhendo desvios, permitindo-se à deriva. Que as
águas aqui evocadas não sejam apenas imagens contempladas, mas experiências que se infiltram, que tocam e que movem.
Em destaque a obra
"O reino do EU" de
Alsal.
Nesta exposição temos artistas de
6 países Alemanha, Brasil, Costa Rica, Cuba, Portugal e Sérvia.
Artistas Participantes:
Alan Richer,
Alê Olywer,
Alsal,
Artfy Adriano,
Beatriz Crespo,
Carolina Saidenberg,
Claudio Boczon,
Cristiane Arruda,
Fabio Franca,
Fernanda Nagarotto,
Gisele Irikura,
Inês Valla,
Lincoln Ladeia,
Márcia Tannure,
Mavi,
Maximílian Rodrigues,
Paola Lazzareschi,
Parfenova Ekaterina,
Patrícia Solo,
PHPM2002,
Rosana Rossi,
Rute Nascimento,
Wildy Women,
Zaplaflora,
Zé Barretta
Clique aqui para visitar a exposição na
Galeria Virtual Arttere
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